Quando eu era criança acreditava que era gente grande e agora aos 23 tento voltar a ser pequena. tenho me esforçado para isso desde os 20, quando pela primeira vez senti o arrebatamento de olhar para uma arte feita por mim e saber que ela conversava comigo, E que queria conversar com os outros.
Ser artista para mim é isso. Preservar a infância como um amuleto protetor.
É desta pequenez que surgiu um pedaço de artista na Eduarda segmentada em diversos outros papéis. Acima de todos os outros o principal é de entusiasta da existência, algo que me trás tanto esmero - por isso escolhi a psicologia como carreira - e tanta dor - e a arte como ofício.
Falo da infância porque minha arte começa nela, embora esteja sendo produzida no agora, tem um retorno a esse passado azulado, imaculado e desavergonhado como uma criança. Tudo ao mesmo tempo.
Ah, o tempo! Achei que ele tinha ceifado meu lugar de artista e me sentenciado a não ocupa-lo nunca mais. No cotidiano exaustivo pintar se torna um luxo passível de recusa. E eu recusei durante um bom tempo. Mas é quando a vida trágica e tediosa se instaura, que a arte precisa emergir como catarse. e sempre tem um gancho que nos puxe de volta. Por isso me considero um zigue-zague atemporal. Gosto da liberdade de ir e voltar, de andar em círculos sabendo que tem um ponto de partida e outro de chegada, e que se revezam. agora estou aqui de novo. Minha relação com a arte também é cíclica, e de todas as coisas que podem se findar essa nunca se esgota para sempre, sempre sobra. O tempo estava me maturando para retornar criando algo novo.
Foi neste trajeto que esbarrei em duas pessoas incríveis que me proporcionaram retomar Isso. Igor e Duds,
quando me convidaram para ser membro do site me despertaram uma criatividade que estava esquecida. Voltei a pintar e introduzi novos elementos na minha arte, que já passou pela fase dos retratos - em que eu pintava rostos com modificações nos olhos, dialogando com frutas ou flores, e orelhas deformadas -, animais e agora chegando na fase da culinária.
A palavra tomate latejava na minha cabeça DESDE O 1° contato. lembrei do quanto amo cozinhar, e enquanto a arte estava suspensa, a culinária se fez presente. E pintei a comida que tenho comido tanto nos últimos tempos: Macarrao a pomodoro. Fiquei sabendo que o nome pomodoro refere-se também a um método de estudos baseado no tempo de preparação do molho de tomate - ou vice versa -, que consiste em intervalos entre o tempo de duração do estudo. Intervalos. Tudo que precisamos são intervalos e de repente o que estava congelado se desfaz líquido. Nesse período eu estava lendo um livro chamado o palhaço e o psicanalista, que resumidamente FALA SOBRE A ESCUTA DO PONTO DE VISTA DE UM PALHAÇO E DE UM PSICANALISTA (que inclusive são muito parecidos). Peguei a 1° palavra. Palhaço. Pensei em Nariz de palhaço. o que se parece com um nariz de palhaço? Tomate. E pronto, surgiu o que eu precisava para iniciar de vez. E essa sou eu, uma artista que gosta de brincar com falas, fazendo trocadilhos, associando cores, formas e palavras. Que venham mais tomates pela frente
sua arte é simplesmente tudo 💒
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